Com apoio da Aesa, 17º Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste debate uso da tecnologia na gestão das águas
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A Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa) participou do 17º Simpósio de Recursos Hídricos do Nordeste (SRHNE), realizado em João Pessoa, de 25 a 29 de novembro. Promovido pela Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro), o evento reuniu especialistas de todo o Brasil para discutir avanços tecnológicos e estratégias de gestão hídrica. Representando o Governo do Estado, a Aesa contou com um estande no evento e foi uma das patrocinadoras do simpósio.
Com o tema “Gestão Inteligente dos Recursos Hídricos no Nordeste do Brasil: Utilização de Inteligência Artificial e Big Data para Prever, Mitigar e Responder a Eventos Extremos”, o simpósio destacou o uso de tecnologia para enfrentar desafios climáticos. Na abertura, o presidente da Aesa, Porfírio Loureiro, ressaltou a importância da colaboração entre estados e instituições para fortalecer a gestão dos recursos hídricos. “Esse tipo de evento é um ambiente de troca, tanto de ensinamento como de aprendizado, permitindo que apresentemos nossas ações e aprendamos com as experiências exitosas de outros estados”, afirmou.
Mesa-Redonda – Durante sua participação na mesa-redonda do SRHNE, Porfírio Loureiro enfatizou iniciativas fundamentais e inovadoras para a eficiência da gestão hídrica na Paraíba.
A mesa-redonda teve como tema “Desafios para a gestão das águas no Nordeste” e foi moderada pelo especialista em regulação da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Tibério Magalhães Pinheiro. Além de Porfírio, o evento também contou com as apresentações da presidente da Agência Pernambucana de Águas e Clima (APAC), Suzana Montenegro; do secretário da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Rio Grande do Norte (SEMARH/RN), Paulo Lopes Varella Neto; e da secretária da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Sustentabilidade de Sergipe (SEMAC/SE), Deborah Cristina de Andrade Menezes Dias.
Porfírio iniciou sua fala agradecendo à equipe técnica da Aesa pelo compromisso e excelência nos trabalhos realizados, destacando que a instituição conta atualmente com mais de 130 colaboradores, entre servidores, estagiários e profissionais cedidos por outros órgãos. Ele abordou a relevância do monitoramento como um dos pilares da gestão hídrica, ressaltando que esse processo é essencial para sustentar outros instrumentos de gestão, como a fiscalização e a alocação negociada.
Entre os projetos destacados, Loureiro mencionou o “Comitês nas Escolas”, uma ação voltada à conscientização de estudantes e professores da rede estadual de ensino sobre os desafios e a preservação dos recursos hídricos. Segundo ele, a iniciativa tem ampliado o alcance da educação ambiental, promovendo um diálogo direto com as comunidades e plantando sementes para uma gestão participativa no futuro.
Outro marco importante foi o desenvolvimento do Sistema Estadual de Informações de Risco Hídrico e Climático (Seira), que integrará dados sobre clima, tempo e recursos hídricos. “O Seira é uma das maiores inovações no campo da gestão hídrica na Paraíba, e será um divisor de águas para agricultores e gestores, ao oferecer informações em tempo real para tomada de decisões estratégicas”, afirmou Porfírio. Ele ainda mencionou que o sistema contará com um aplicativo gratuito para facilitar o acesso às informações, especialmente para pequenos produtores rurais.
O diretor também relembrou momentos decisivos que contribuíram para o avanço da gestão hídrica na Paraíba, como a adesão ao Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão das Águas (Progestão), da ANA. A Paraíba foi pioneira no programa, sendo o primeiro estado a assinar o termo de adesão e a receber recursos para implementar ações estratégicas.
O presidente destacou ainda o papel fundamental dos Comitês de Bacias Hidrográficas e do Conselho Estadual de Recursos Hídricos como instâncias centrais para debates e decisões estratégicas. Ele reforçou que fortalecer essas estruturas e incentivar a participação dos comitês é essencial para o sucesso da gestão hídrica no estado.
Encerrando sua fala, Porfírio reforçou a importância de que governos priorizem recursos para fortalecer os órgãos gestores e de que a gestão hídrica seja vista como uma prioridade de estado. “A Aesa segue comprometida em garantir uma gestão técnica, eficiente e participativa, que reflita as demandas e aspirações da população paraibana”, concluiu.
Produção científica dos servidores da Aesa – Durante o simpósio, os servidores da Aesa apresentaram dois trabalhos que evidenciam o compromisso técnico-científico da instituição na gestão e análise de recursos hídricos.
O primeiro artigo, intitulado “Determinação da vazão Q7,10 através do modelo hidrológico SMAP na sub-bacia do Rio Tibiri – Santa Rita/PB”, foi elaborado pelos servidores Bruno José de Macedo, Nicolly Gomes, Phamella Mesquita e João Pedro Chaves. Apresentado durante a sessão oral 3, por Bruno José de Macedo, o estudo teve como objetivo determinar a vazão mínima de referência (Q7,10) do Rio Tibiri, utilizando o modelo hidrológico SMAP (Procedimento de Contabilização da Umidade do Solo). O rio Tibiri é uma das principais fontes de captação de água bruta para abastecimento público no município de Santa Rita. O trabalho destacou a importância da determinação das vazões mínimas como um instrumento essencial para gestão de recursos hídricos, análise de outorgas e operação de sistemas de abastecimento de água.
O segundo artigo, intitulado “Identificação de sub-bacias: um estudo da bacia hidrográfica do rio Abiaí-PB”, foi elaborado por Bruno José de Macedo, Jana Yres e André Veloso. Apresentado na sessão oral 27, também por Bruno José de Macedo, o estudo buscou identificar áreas geomorfologicamente influentes da bacia do Rio Abiaí, utilizando indicadores de disponibilidade hídrica. O objetivo foi compreender melhor as divisões e subdivisões da bacia, detalhar os rios que a compõem e fornecer informações estratégicas para outorgas, gestão hídrica e atuação dos comitês que abrangem o sistema hídrico.
Encerramento marca o sucesso do evento – A cerimônia de encerramento do simpósio celebrou os resultados positivos de uma semana intensa de debates e trocas de conhecimento. O presidente da ABRHidro, Alexandre Kepler Soares, destacou a relevância do evento para a gestão hídrica no Nordeste. “Tivemos aqui uma semana muito rica, com muitas discussões e mesas-redondas, o que demonstra a efetividade da região Nordeste na questão da gestão dos recursos hídricos”, afirmou Alexandre, ao apresentar a programação final, que incluiu números gerais do evento, premiações e homenagens.
O diretor administrativo e financeiro da Aesa, Joacy Mendes, também discursou, expressando gratidão e reforçando a importância de parcerias institucionais. “Foi um prazer para a Aesa receber vocês aqui na Paraíba e contribuir para a realização deste evento. Estamos comprometidos em continuar essa parceria com a ABRHidro e com outras instituições, entendendo que é por meio da união que alcançamos grandes resultados”, declarou Joacy. Ele ainda agradeceu aos organizadores, pesquisadores e demais participantes pelo sucesso do simpósio e colocou o Governo da Paraíba à disposição para futuras iniciativas na área de recursos hídricos.
Durante a cerimônia, foram premiados os trabalhos de destaque apresentados ao longo do simpósio. Um dos premiados foi o estudo “Avaliação de modelos hidrológicos e hidrodinâmicos distribuídos empregados em bacias de médio porte e dados de Ágios”. O prêmio foi entregue pelo diretor Joacy Mendes.
Na ocasião, também foi anunciado que Aracaju será a cidade-sede do próximo simpósio, previsto para 2026, reforçando o compromisso da ABRHidro em dar continuidade às discussões estratégicas para o setor.
Encerrando a programação, foi realizada uma visita técnica ao canal Acauã-Araçagi, considerada a maior obra hídrica do estado da Paraíba. O canal, recentemente finalizado, aproveita águas interiores e transpostas pelo Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional (PISF), através do Eixo Leste. Com mais de 100 km de extensão, o sistema é responsável pelo fornecimento de água para projetos hidroagrícolas e abastecimento humano de 38 municípios do Agreste paraibano, beneficiando mais de 600 mil habitantes.